Ausências
Sou artista da cena, gosto dos jogos de ilusão e da magia do palco. Gosto de danças, de conhecer gentes e culturas. Por quase uma década estive envolvida com as tradições da Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco, entre mestres fazedores de cavalo marinho e suas famílias, em brincadeiras varadas madrugada adentro. A beleza do cavalo marinho encanta. A agressividade que o envolve me golpeia violentamente. Gosto de estar em campo, gosto de vivenciar as contradições do campo e de perceber as tensões geradas no corpo. Nesse mesmo período, busquei tecer um caminho como intérprete e criadora na Dança a partir das questões que me movem. A temática de gênero sempre foi uma delas. Compreender o universo do cavalo marinho a partir das histórias das mulheres que o fazem foi um caminho de pesquisa. Na imagem, Maíca (filha de Mestre Biu Roque) e eu, reluzentes e iluminadas, num jogo de luzes e sombras que é parte do jogo de tensões entre o masculino e o feminino na Zona da Mata. Cena de “Ausências”, estudo coreográfico desdobrado da minha pesquisa de mestrado sobre a participação das mulheres e questões de gênero na brincadeira de cavalo marinho. Foto de Renata Pires, Condado/PE, 2012.
Tainá Barreto
(Professora do curso de Dança do IFG)